Assumir que você está perdida é o ponto de partida para a mudança
Edição #01: Toda transformação começa com uma pessoa olhando pra dentro de si e assumindo seus incômodos.
O que você encontra nesta edição de Por trás da Artista:
Um ensaio sobre o início da minha jornada profissional e os primeiros passos que dei para chegar até aqui;
Curadoria criativa com dicas de livro, filme e uma profissional inspiradora.
Há alguns anos, escrevi um texto no meu blog com o título desta primeira edição da newsletter:
Assumir que você está perdida é o ponto de partida para a mudança.
E acho que não tem outra forma de começar a contar a minha história sem ser pelo momento em que me dei conta de que era uma pessoa completamente perdida profissionalmente.
Provavelmente, os sinais apareceram durante as primeiras experiências de estágio, enquanto cursava publicidade e propaganda (curso que até hoje não sei porque foi a minha escolha de graduação). Experimentei o mundo das agências de publicidade por alguns anos e consegui o meu primeiro emprego como CLT alguns meses depois de me formar.
Fiquei naquela última agência por pouco mais de um ano e meio e, então, fui em busca da primeira transição de carreira.
Perdida entre as regras e padrões do mundo corporativo
Na época, eu achava que o problema era a falta de propósito por trabalhar com publicidade e, com muita inocência, fui atrás de uma oportunidade em alguma ONG, acreditando que isso taparia o buraco que começava a se formar em meu peito.
E lá fui eu… Quase mais dois anos trabalhando no marketing de uma ONG, e adivinha?
Era sempre a mesma história: eu começava empolgada e depois de alguns meses me sentia incomodada, desmotivada e completamente desencaixada naquele mundo.
Nessa fase da vida, eu escrevia livros e achava que só poderia me sentir realizada se vivesse da escrita literária (coitada dela, eu aviso ou vocês avisam? rs). Foi nesse período, inclusive, que lancei meu primeiro romance, “Lola & Benjamin”.
Infeliz, perdida e angustiada, comecei a me movimentar ainda quando estava nessa ONG fingindo que sabia o que estava fazendo da vida. Tive algumas conversas importantes, principalmente com uma ex-chefe do meu período de estágio, e comecei a entender o que queria e o que não queria mais na minha vida profissional.
E foi assim que cheguei à resposta que, até pouco tempo, parecia fazer muito sentido pra mim: me tornar produtora de conteúdo freelancer.
Enfim, o sentimento de pertencimento…
Por anos, senti que o mundo não tinha um lugar pra mim. E, quando me tornei profissional autônoma para trabalhar com escrita, parecia que tudo estava se encaixando e eu alcancei uma paz interna indescritível.
Aquela angústia no meu peito foi se dissipando e passei a conviver com a certeza de que o problema não era eu, era o modelo tradicional do mundo corporativo que não era compatível com a minha essência.
Olha, e foram anos muito bons! Apesar dos perrengues como autônoma, me tornei LinkedIn Top Voice, ganhei uma bela quantia de dinheiro, trabalhei com clientes incríveis e me aventurei em projetos pessoais que nunca nem imaginava que seria capaz de realizar.
Até que… Entre 2023 e 2024, o monstrinho da angústia começou a bater à minha porta novamente e fiquei sem entender nada…
Ué, eu já não tinha me encontrado? Depois de tanto perrengue pra chegar até aqui, ia ter que passar por uma transição de novo? Acho que fiquei um tempo lutando contra isso porque não queria aceitar toda a maré de questionamentos e dores que viriam pela frente.
Mas é só quando assumimos que estamos perdidas que abrimos espaço para a mudança, caso contrário, ficamos presa no mesmo lugar de insatisfação pra sempre, só reclamando e desejando que as coisas fossem diferentes. E foi isso que eu tive que fazer, mais uma vez…
Assumir que estava perdida para conseguir enfrentar o desconhecido.
“Eu sou arte”
Outro dia, assisti ao programa Saia Justa com a participação do Selton Mello e fiquei emocionada com vários trechos, principalmente um em que, ao compartilhar sobre a sua carreira, ele diz: “eu sou arte”.
E eu me emociono porque, apesar de não me enxergar como artista ainda, me sinto artista, como se algo na minha alma pulsasse dentro de mim em direção a este caminho. Como se nada mais pudesse me preencher com tanta luz e pertencimento.
Afinal, a arte é vida e a vida é arte. Para mim, não tem nada mais lindo do que isso!
Para quem acredita em reencarnação, eu diria que tem algo aí de vidas passadas rs… Mas isso é conversa pra outro momento e lugar. O fato é que pessoas como o Selton Mello são um motor de inspiração para pessoas como eu — e não no sentido de querer chegar aonde ele chegou necessariamente, mas de que sim, há um grupo de pessoas por aí que ama e valoriza as mesmas coisas que eu.
Eu não estou sozinha. Nós não estamos sozinhas.
🎨 Curadoria criativa
Nesta seção, trago algumas referências voltadas para o autoconhecimento (afinal, sem olhar pra dentro a gente não sabe pra onde ir) e sobre o universo criativo para quem quer começar a criar e desbloquear a artista que mora dentro de si.
1. Os quase completos, de Fellipe Barbosa
Eu sou apaixonada por este livro e, inclusive, quero reler em 2025. Além de ser de um autor nacional, aborda justamente essas questões sobre se sentir incompleto, desencaixado e viver uma jornada de busca por si mesmo.
É sobre a batalha que travamos com o nosso íntimo para conseguir entrar em contato com a nossa essência mais pura.
Recomendo demais para quem está vivendo esse momento de desencontro, com certeza é uma leitura que vai provocar muitos questionamentos e inspirações.
2. Renata Stuart - Escritora & Mentora de Autoconhecimento
Como o tema de hoje foi muito voltado pro autoconhecimento, nada mais justo do que dar várias dicas sobre isso.
Recomendo de olhos fechados o trabalho da querida amiga Renata Stuart. Ela vem de uma jornada muito linda de conexão interna e agora está levando pro mundo todo esse conhecimento maravilhoso que acumulou, seja por meio de conteúdos, mentorias ou cursos.
Apenas acompanhem: vale a pena para quem quer viajar para dentro de si!
3. Filme “No Portal da Eternidade”
Apenas um dos filmes mais emocionantes que já assisti, provavelmente porque sou meio viciada na história de Van Gogh, que é de longe um dos meus artistas favoritos.
Inclusive, estou na saga de ler a sua biografia de mais de 1000 páginas já faz alguns anos, e que mais parece um romance sobre sua vida por ter tantos detalhes incríveis.
Enfim, há muitas controvérsias sobre a história do pintor que vendeu apenas quadro em vida e hoje é conhecido e prestigiado mundialmente. O filme é emocionante, com uma trilha sonora impactante e o ator Willem Dafoe está magnífico. Sem palavras.
Está disponível no Amazon Prime, essa dica eu não deixaria passar :)
Por hoje é isso… Espero que você tenha gostado, se inspirado ou simplesmente aproveitado as dicas para sair do lugar comum.
Com amor,
Bruna.
Ai que news delícia! Adoro te ler, Bru! Lembrei da sensação que tive quando te encontrei no Linkedin. "Ela está dentro da minha cabeça?" haha E que coisa gostosa receber essa citação carinhosa! Somos arte! ✨ E como é bom encontrar pessoas que nos entendem e que também buscam poesia em meio a esse mundo louco! É preciso coragem para ouvir os incômodos! E isso nós temos! Vamos juntas!
Bruna, para além das reflexões levantadas com o seu texto que conversam diretamente com o meu estado atual, fico imensamente feliz por encontrar alguém cujo um dos artistas preferidos é Van Gogh 💙💙