Só tem crise quem pode
Edição #03: Quem se permite entrar em crise é quem está realmente aberto para a mudança.
O que você encontra nesta edição de Por trás da Artista:
Um ensaio no qual continuo compartilhando a compreensão sobre os caminhos que fazem sentido para a minha jornada pessoal e profissional;
Curadoria criativa com vários cursos, atelier em SP e lançamento do meu clube criArte.
Na primeira edição desta newsletter, contei de forma resumida sobre os primeiros passos da minha carreira, a transição profissional para trabalhar como autônoma e terminei deixando claro que estou passando por um novo processo de encontro com a minha essência.
Para dar continuidade, acho importante compartilhar que sou uma pessoa intensa e, ao longo desses 31 anos, já passei por algumas crises. Faço terapia há 4 anos e minha psicóloga sabe bem disso. Tão bem que um dia me falou:
“Só tem crise quem pode.”
Ou seja: nem todo mundo se permite mergulhar nas crises e emergir à superfície depois de alguns momentos sentindo que estava afogado. “Você, Bruna, é uma pessoa que se permite viver essas crises. Não só se permite, como quer vivê-las para conseguir construir uma vida mais autêntica para si.”
Isso me pegou de um jeito… Fiquei pensando o quão exausta fico de viver essas crises, mas também como elas são necessárias para me tirar da zona de conforto e me permitir viver uma vida da qual eu me orgulho, que realmente faça sentido para mim, sabe?
Olho para os lados e vejo muita gente que não quer ir tão fundo, que tem medo de cutucar o que incomoda. E eu entendo a dor, o receio, a angústia. Mas não consigo ser esse alguém que vive no raso, que não se movimenta quando percebe que há algo no lugar errado.
Sobre ouvir os chamados da vida…

Acho que o grande B.O. das crises é que, muitas vezes, não sabemos que fazer com o incômodo. A resposta não vem de uma hora pra outra. Podem ser necessários meses ou até anos para compreender o que está causando desconforto e o que é necessário fazer para sair desse estado.
Quem sou eu para aconselhar alguém em relação a algo desse tipo, mas o que posso fazer é compartilhar a minha jornada.
Há algum tempo eu já vinha me sentindo meio desmotivada com o trabalho, mas sem saber muito bem as razões por trás desse sentimento. Ao mesmo tempo, não me enxergava mais como escritora, sentia que essa nomenclatura não me cabia mais e estava deixando esse pedaço de mim adormecido por não saber o que fazer com ele.
Então, aos poucos, fui sentindo um chamado…
É esquisita essa coisa de chamado porque a gente não explica, só sente. Para quem presta atenção nos sinais, eles vão trazendo pistas…
Pelo o que me lembro, começou lá em Madrid, em 2023, quando morei na cidade por cinco semanas. Enquanto esperava o voo para Paris, lembro de um garoto com um sketchbook, fazendo desenhos e curtindo seu momento artístico. Achei bonito, interessante e inspirador.
Ainda em Madrid, comprei um sketchbook baratinho, mas ainda sem grandes pretensões…
Ao voltar para o Brasil, por motivos que não tem relação com o que estou contando aqui, passei alguns meses em crise, bem deprimida com alguns aspectos da minha vida. Parei de escrever, de fazer colagens… Estava no limbo.
Mas, depois de um tempo, com o suporte da terapia, da consulta com a psiquiatra e de muito autocuidado, consegui me reerguer por conta própria e, aos poucos, os hobbies foram voltando também.
E foi lá no começo de 2024 que comecei a sentir um desejo curioso por desenhar, algo novo pra mim. Já tinha desenhado antes, mas era uma atividade bem pontual. Pesquisando um pouco sobre, achei alguns cursos da Domestika (vou indicá-los na curadoria criativa no final desta news), um deles sobre diário ilustrado.
Foi assim que comecei, bem aos pouquinhos, a desenhar com lápis e pintar com canetinhas cenas do meu cotidiano. E, por incrível que pareça, consegui manter a consistência durante o ano todo e agora estou nas últimas páginas desse sketchbook de Madrid.
O desejo nasceu pequeno, mas foi crescendo conforme eu lhe dei asas
Juro que no início de 2024 eu jamais pensaria que um ano depois estaria escrevendo uma newsletter chamada Por trás da Artista e lançando um clube online de colagens & processos criativos para mulheres (novidade também no final desta news).
Isso jamais se passava pela minha cabeça. Eu estava apenas curtindo desenhar e explorando novos hobbies. Mas, de alguma forma, algo foi crescendo dentro de mim e, ao longo do ano passado, a vontade de me desenvolver aumentou.
Comecei a procurar cursos de desenho mais profundos para poder evoluir, pois sem técnica me sentia meio limitada.
Leia também na minha newsletter: Criar sem técnica: possibilidade real ou ilusão?
Mas eu não achava nenhum lugar que me atraísse. Queria um ambiente intimista e acolhedor, no qual eu pudesse aprender de maneira leve, e só encontrava escolas ou cursos online.
Até que, na virada do ano de 2024 para 2025, encontrei no Google um atelier perto de casa, com um valor que cabia no meu bolso, e senti que era o momento de investir tanto recursos financeiros como de tempo nesse desenvolvimento.
Desde janeiro deste ano, comecei minhas aulas de desenho e pintura e tem sido um processo lindo e desafiador ao mesmo tempo. Aprender algo novo, do zero, quando você é adulto, não é tarefa fácil, mas muito gratificante.
Ter rede de apoio muda o jogo nos momentos de mudanças
O meu objetivo não é fazer nenhum tipo de transição de carreira nesse momento. O que estou buscando é tentar conciliar o meu trabalho como criadora de conteúdo com outras frentes de atuação — mais artísticas e criativas.
Esta newsletter, os conteúdos que venho criando no Instagram e o clube criArte, são atividades que levo em paralelo àquilo que me permite pagar os boletos (por isso, se quiser se tornar um assinante pago e contribuir para o meu trabalho artístico, é sempre bem-vindo rs).
O fato é que me comprometi a ultrapassar o medo e me arriscar. Esses pequenos passos são importantes, assim como no começo de 2024 foi importante começar a desenhar no meu sketchbook sem nenhuma pretensão — talvez, se eu não tivesse feito isso, não estaria aqui hoje escrevendo este texto.
E não posso deixar de citar como, para criar coragem para dar esses passos, tem sido importante me conectar às pessoas que estão alinhadas ao meu momento de vida. A jornada empreendedora é muito solitária, ainda mais quando você está perdida tentando ouvir os chamados, mas sem saber exatamente o que fazer com eles.
Tenho trabalhado arduamente nos meus pensamentos (com o objetivo de mentalizar mais positividade) e, em 2024 me aprofundei muito na minha espiritualidade (papo pra outro texto), e tudo isso com certeza tem me ajudado a atrair as pessoas certas para esse momento de vida.
Foi assim que cheguei até duas mulheres incríveis, que estão sendo meus pilares nessa caminhada: a Renata Stuart e a Laís Schulz. Ambas vivendo jornadas de mudanças, descobertas artísticas e muito autoconhecimento.
Apesar de cada uma estar em um canto do mundo, ao me conectar com elas, senti que estou menos sozinha. Senti que essas ideias malucas e desejos aparentemente desconexos não são tão estranhos assim, porque tem mais gente vivendo esses mesmos movimentos internamente.
O ponto é que nem todo mundo conta sobre isso. E esse foi um dos motivos que me fez querer criar a newsletter Por trás da Artista… Quer dizer, em 2019, ao compartilhar a minha história no LinkedIn, mudei completamente a minha vida profissional.
Fui inspiração pra muita gente que queria construir algo semelhante ao que eu estava construindo. Então, por que não tentar mais uma vez? Por que não abrir um novo capítulo para a nova história que está nascendo aqui dentro?
Se eu puder me conectar a mais gente que também está escutando os chamados artísticos da vida, já é o suficiente. Se eu puder fazer a diferença na história de pelo menos uma pessoa por meio do que venho criando, então não há dúvidas de que estou fazendo arte.
Porque o papel da arte é esse: transformar o mundo. E pessoas transformam o mundo.
Existe profissão mais linda do que fazer arte?
Outro dia, também na terapia, minha psicóloga me perguntou o que eu amava na arte e me embananei toda pra responder. Depois, fiquei pensando nisso e entendi que, pra mim, a resposta é tão óbvia que foi estranho encontrar palavras.
Quando assisto a premiações como o Oscar, vou a um show em um estádio lotado com mais de 60 mil pessoas ou leio um livro com uma história inspiradora, por exemplo, me pego pensando como fazer arte é a profissão mais linda e significativa que existe (pelo menos pra mim).
Tem algo mais sensível e belo do que um filme? Uma música? Um livro? Uma peça de teatro? Uma pintura? Um desenho?
A arte é a representação da vida e existe para questionar, provocar, emocionar, trazer reflexões, nos tirar do lugar comum…
Não sinto que sou apenas a Bruna criadora de conteúdo, sou mais do que isso. Assistindo ao Oscar 2025, o sentimento que guardo dentro de mim é que tenho certeza de que estou no caminho certo, porque é disso que eu quero fazer parte. É aí que sinto que mora a minha essência.
🎨 Curadoria criativa
Nesta seção, trago as indicações dos dois cursos da Domestika que fiz em 2024 e também do atelier onde estou realizando minhas aulas de desenho e pintura, em São Paulo. Ah, e também estão abertas as vagas pra participar do meu clube de colagens e processos criativos só pra mulheres, vem conferir no final desta news.
Sentiu o chamado? Aproveita pra começar hoje, pois os pequenos passos importam!
1. Diário ilustrado: prática diária e consciente, Kate Sutton
O que eu mais amei neste curso da Kate Sutton é que ela usa apenas canetinhas pra desenhar a pintar. Achei incrível porque eu queria algo bem prático mesmo, pra poder levar a todo lugar.
Por mais que eu ame pintar com aquarela ou tinta acrílica, por exemplo, não são materiais muito simples de levar a um café, parque ou até em viagens mais longas.
Este curso foi responsável por me inspirar a começar a desenhar coisas simples, do meu cotidiano, então recomendo bastante pra quem busca dar o primeiro passo no seu sketchbook.
2. Sketchbook experimental: encontre seu estilo de desenho, Sarah van Dongen
O segundo curso online da Domestika que eu fiz foi este da Sarah, uma ilustradora cheia de talento.
O que me chamou a atenção foi seu estilo livre, criativo e colorido. Achei que seria uma ótima inspiração, já que eu estava começando e tinha pouca técnica. Ela já utiliza mais materiais do que a Kate, mas ainda assim é possível adaptar e pintar com lápis, giz ou outras coisas mais simples.
3. Atelier Granata
O Atelier Granata foi o espaço que encontrei em São Paulo para começar a desenvolver a técnica em meus desenhos e pinturas. Os professores, Eliseo e Mari, são atenciosos e excelentes no que fazem.
Foi um grande achado pra mim, pois queria um ambiente intimista e acolhedor e o atelier é exatamente isso. Então, se você é de SP e quer investir tempo de qualidade em fazer arte, este é o lugar!
4. Clube criArte - colagens & processos criativos
Para finalizar, um convite mais do que especial que tem tudo a ver com o que compartilhei nesta edição da news. Um dos pequenos movimentos que fiz nos últimos meses foi estruturar este clube de assinatura mensal!
Será uma comunidade acolhedora para mulheres entrarem em contato com a sua essência artística e exercitarem processos criativos por meio das colagens e do autoconhecimento.
Serei uma facilitadora, uma guia, mas a jornada nós vamos construir juntas. Se você se identificou, espero que possa fazer parte desse espaço de leveza e criatividade.
Se você gostou desta edição de Por trás da Artista, aproveite para conferir também os benefícios para os meus assinantes pagos, que recebem textos quinzenais mais profundos sobre os meus processos criativos + prompts de criatividade.
Até a próxima!
Com amor,
Bruna.
Que texto maravilhoso de se ler: lindo, leve e rico de insights!!! Obrigada 🤍
Amei demais a edição toda e as dicas de cursos, Bru!! Ainda esse ano quero fazer algum de desenho e já vou salvar a dica! Aii como é bom encontrar outras Annes com E's soltas pelo mundo, viu? haha Essas crises são alinhamento total, e fugir delas é enganar a si, né?